Copa São Caetano faz sucesso e pode abrir espaço para mais torneios amistosos
Ação é uma forma criativa para que clubes levantem verba e popularizem badminton
Quase 200 atletas e 174 partidas distribuídas em quatro quadras: essa foi a matemática final da primeira edição da Copa São Caetano, organizada pela Associação Atlética São Caetano do Sul (AASC) no Bunka São Caetano, em São Paulo. Um torneio amistoso, sim, mas com todas as características de um evento profissional e que poderá servir de inspiração para muitas outras futuras competições.
Encabeçada pelo técnico Pedro Pahor, um mestre na organização de campeonatos e um dos grandes nomes do badminton paulista e nacional, a Copa São Caetano chamou atenção pela robusta estrutura, dando inveja a qualquer outro torneio com mais renome ou de caráter federado. Na realidade, os organizadores fizeram o básico do básico: priorizou o público - que, em sua grande maioria, era os próprios atletas participantes -.
Ainda não entrando no mérito de quem estava no torneio, o evento, que foi realizado em dois dias, entregou muitas coisas legais que fizeram a diferença: tabela atualizada em tempo real através de um software e no Excel, fotógrafo (Fabrício Kakazu), chef de cozinha profissional (Silvio Oga) preparando pratos para o almoço, refeitório, lojinha de equipamentos, lanchonete com salgados e doces deliciosos, grupo no WhatsApp e uma sede com totais condições de receber um torneio do tipo.
O objetivo principal era arrecadar uma verba interessante para o São Caetano encarar a temporada de 2025 do badminton, mas a organização não deixou em nenhum momento de pensar no bem-estar do público, priorizando o entretenimento dos visitantes e fazendo cada centavo gasto na inscrição valer a pena.
Quando um evento sai do papel e é muito bem estruturado, é natural que chame atenção. Após as vagas disponíveis se esgotarem rapidamente, a tabela de inscritos mostrou uma enorme adesão de atletas de ponta e a participação de quase 20 clubes diferentes, entre eles Club Athletico Paulistano, São Caetano, Esporte Clube Pinheiros, Itapeti e Instituto Ivan Guedes.
Passando para a relação de badistes, a lista foi encabeçada por Caio Silva, do Pinheiros e da seleção brasileira, que atuou na dupla masculina ao lado de Pahor e encordoou muitas raquetes em sua lojinha no ginásio. Além dele, também estiveram presentes: Arthur Ávila, Isaque Guedes, Lucas Emanuel, Matias Manabu, Daniel Kawakami, Ricardo Sabanai, Daniel Rocha, Hitoshi Cortez, Julia Miwa, Murilo Kenji, Mateus Hayashi, entre outros. Os jogadores Pedro e João Mendonça chegaram a comparecer na Copa São Caetano, mas apenas como espectadores, bem como Vivian Iha, Saori Kaida, Yuji Kaida e Laura Roviezzo.
“Para minha evolução e experiência [a copa] foi muito importante. Os torneios amistosos são bons financeiramente para as equipes, traz bastante visibilidade e você conhece pessoas diferentes. Você engloba um monte de amigos que se veem nos Estaduais e nos Nacionais, mas que também têm a chance de se ver nas competições amistosas. Eu gostaria que mais equipes aderissem isso, porque é muito bom, proveitoso, divertido e há o desejo ganhar”, afirmou Lucas Emanuel, do Instituto Ivan Guedes, ao A Peteca. Vale destacar que o badiste veio de Minas Gerais para disputar o campeonato e reencontrar a família.
As arquibancadas ficaram lotadas no decorrer dos dois dias do evento com atletas, familiares e curiosos que entraram no ginásio para ver que raios estava acontecendo por ali. Quando havia um bolo de pessoas em uma determinada parte da quadra, pode ter certeza que era alguém daquela lista acima atuando. Destaco o enorme comparecimento do público para acompanhar a final da dupla masculina “A”, que colocou frente a frente Caio Silva/Pedro Pahor e Arthur Ávila/Eduardo Carelli.
“Eu acredito que a Copa cumpriu todas as suas funções: reunir diversos jogadores de todos os cantos, principalmente, aqueles que não participam de eventos federados; unir mais a nossa equipe, que, pelo tamanho, nem sempre tem a chance de ter todo mundo junto no mesmo lugar; mostrar nosso time para as pessoas; trazer um recurso financeiro importante e, por fim, de divertir tanta gente. Teve choro, sim, porque cada um lida de uma maneira particular com as dores e frustrações, mas teve muito mais risadas e alegria, amizades sendo feitas e laços sendo criados. Só por esse último ponto, já valeu demais a pena termos feito a Copa São Caetano”, avaliou Pahor em entrevista ao A Peteca.
O comandante não esteve sozinho na organização do campeonato, pois recebeu auxílio dos próprios jogadores da AASC e de outras equipes para apitar os embates. A excelente Roviezzo, do CAP, por exemplo, chefiou muito bem duas partidas minhas. O São Caetano também teve auxílio externo e interno de mesários, árbitros de linha, locutores e outras múltiplas funções. Sim, foi lindo ver a união de tanta gente e reforça o poder inclusivo do badminton.
“Sediar campeonatos certamente atrai atenção para a equipe e dinheiro, porém, algo que eu acho ainda mais válido é a oportunidade de unir mais o grupo. Por mais que um ou outro acabe trabalhando e talvez aparecendo mais, essas competições só ocorrem graças ao trabalho de todos. Temos uma equipe muito ativa e várias pessoas ajudando, tudo com a expectativa de fazer uma competição agradável, no horário, justa e mais divertida possível”, disse o treinador.
Torneios amistosos podem ganhar mais espaço? A resposta é sim
Ao menos em São Paulo, desde que comecei a jogar competitivamente, em 2022, a Copa Pinheiros e os Nippon’s Challenge e Intercolonial eram os campeonatos amistosos mais badalados. Contudo, essa lista aumentou gradativamente conforme o tempo, pois o Bunka SCS recebeu as Copas Tikara e São Caetano, enquanto o Campinas sediou pela primeira vez recentemente um torneio de badminton de duplas.
Os eventos amigáveis estão longe das obrigações dos federados, que envolvem uma série de fatores e são mais caros e burocráticos. Além disso, os eventos amistosos, geralmente, atraem uma gama maior de atletas iniciantes, o que pode auxiliar na popularização do esporte de raquete mais rápido do mundo. Paralelamente, a quantidade de badistes não federados é altíssima - me incluo na lista - e esse grupo tem a chance de competir, normalmente, apenas nestas ocasiões.
Caso seja bem organizado e estruturado, o torneio terá o poder de garantir um vital aumento de capital para o clube mandante, principalmente para custear toda uma temporada, bem como atrair os holofotes para si. No caso da Copa São Caetano, alguns badistes não federados chegaram a cogitar entrar para a equipe do ABC Paulista apenas pelo impacto da Copa.
“Eu acho que quanto mais eventos tivermos, de qualquer tipo, melhor. Temos que aumentar o número de jogadores, equipes, treinadores e competições para agitar a modalidade mais e mais”, avaliou Pahor.
A ideia já viralizou em outras partes do país, pois o Instituto Ivan Guedes realizará em Montes Claros, em Minas Gerais, o Aberto Instituto Ivan Guedes, enquanto a cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, sediará o Mercosul Junior, que é apoiado, inclusive, pela Badminton Federação Paranaense (BFP). Nele, os badistes terão a oportunidade de ganhar até US$ 5 mil em premiação e deverá reunir jogadores de outros países.
Muito obrigado por ler a publicação. Se inscreva para receber novos textos e apoiar meu trabalho! Aproveite para deixar seu comentário aqui embaixo.
Caso tenha gostado desta matéria, você também poderá curtir estes textos: