Luis Lopezllera Lavalle: uma lenda do badminton mexicano no Brasil
Medalhista pan-americano, ex-atleta destacou suas amizades no esporte
Luis Lopezllera Lavalle é uma pessoa tranquila e simpática que comparece frequentemente no Centro Paulista de Badminton (CPB), em São Paulo, ao lado da família e que disputa seus jogos de forma bem serena. No entanto, não é difícil perceber sua refinada qualidade com as raquetes em mãos, mas o que poucos sabem é que estão diante de um dos maiores nomes do badminton mexicano.
Antes de qualquer coisa, é válido mencionar que o México é uma das principais forças da modalidade no continente americano e o auge do país foi alcançado entre as décadas de 1970 e 1980. Além disso, atletas mexicanos e brasileiros já travaram ao longo da história inúmeras batalhas importantes, principalmente em torneios continentais. Apesar da rivalidade dentro de quadra, a história de Lavalle, que bateu muito na tecla das “amizades” feitas no badminton, mostra que os dois países têm um laço muito estreito.
Embora Lavalle tenha atuado profissionalmente a partir do final dos anos 1980, atingindo seu ápice no decorrer da década de 1990, o ex-badiste foi fundamental para o esporte em terras mexicanas dentro e fora das quadras. Como atleta, ele conquistou inúmeros títulos nacionais e internacionais, mas se destaca pelo histórico bronze na dupla masculina dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, ao lado de Bernardo Monreal. Nota-se que foi a primeira participação do país no megaevento esportivo.
Além disso, o mexicano foi campeão da simples masculina em 1997 do Internacional do Brasil, em São Paulo, ao derrotar o peruano Mario Carulla, então número 1 da América, e venceu três categorias do Aberto da Argentina de 2000. O título na capital paulista quebrou um jejum de quase 20 anos do México em torneios no exterior. Lavalle ainda representou seu país em quatro edições da Copa Thomas (1992, 1994, 1998 e 2000) e em três Mundiais (1993, 1997 e 1999).
“Tudo começou porque meu pai tentou fazer com que eu descobrisse um gosto pelo tênis. Ele acreditava que jogando badminton eu gostaria de raquetes, mas que depois trocaria a de badminton pela de tênis, mas foi algo que nunca aconteceu. Me apaixonei pelo esporte vendo um dos melhores jogadores do México da década de 1970 jogar em um torneio que foi realizado no clube que frequentei quando criança contra alguns jogadores europeus e asiáticos. O ambiente também me ‘pegou’, já que os amigos que fiz são algo que me fez continuar no badminton”, declarou Lavalle em entrevista ao A Peteca.
Após ter pendurado as raquetes em 2002, Lavalle, que chegou a ser top 30 do mundo em duplas, começou a trabalhar na promoção do badminton no México, sendo treinador da futura geração de badistes do país (Lino Muñoz, Cynthia González e Mauricio Casillas), membro da Associação de Badminton da Cidade do México e um dos fundadores da tradicional Copa Nyssen, um popular torneio interclubes.
Caso você tenha achado pouco todos esses exemplos citados no texto, olha que resumi muita coisa, Lavalle é também fundador do Badminton MX, um espaço que procura reconstruir a história do badminton mexicano. Atualmente, a entidade trabalha em um projeto para criar uma espécie de “Hall da Fama” da modalidade no país.
Lavalle e sua relação com o Brasil
Não julgo se você estiver se perguntando neste momento os motivos que levaram esse simpático mexicano a viver em terras tupiniquins. O primeiro e mais básico de todos é: trabalho. Após se aposentar do badminton, o ex-atleta começou a trabalhar na área de sistemas em uma empresa chamada Essity, que também o transferiu para o Chile em 2015. A previsão é que fique no Brasil até pelo menos 2027.
“A permanência está sendo muito agradável, com vários desafios, mas a minha família atualmente está feliz e me sinto bastante adaptado. Ela é meu motor de todos os dias e me preocupo que todos estejam bem onde quer que estejamos. Claro que sentimos falta dos outros familiares, dos amigos e da comida mexicana, mas os amigos que temos no Brasil nos ajudam a diminuir isso, a comida no Brasil também é muito boa”, declarou.
A mudança de país não apagou o amor de Lavalle pelo badminton, pois ele continua praticando o esporte no CPB e no Club Athletico Paulistano (CAP), uma das principais forças da modalidade no país. Amigo próximo de Guilherme Kumasaka, bronze na dupla masculina dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, ao lado de Guilherme Pardo, o ex-badiste foi convidado pelo brasileiro a defender a equipe alvirrubra principalmente em torneios na categoria Sênior (35+).
Em relação ao atual momento do badminton do Brasil, que alcançou neste ano sua primeira vitória olímpica na categoria feminina, com Juliana Viana, Lavalle analisou que o país começou a ter uma “curva crescente no nível e na difusão” a partir do histórico pódio de Kumasaka e Pardo. O ex-badiste também vê com bons olhos a atual gestão do técnico português Marco Vasconcelos.
“Há anos tenho visto uma equipe muito boa em nível de seleção, liderada por Marco Vasconcelos e nutrida por muitas boas escolas e clubes de badminton em todo o Brasil, embora não tenha crescido tanto como outros esportes, como a ginástica”, avaliou o ex-atleta.
Apesar de sua carreira no badminton profissional ter sido recheada de títulos e experiências que poucas pessoas tiveram a possibilidade de vivenciar, Lavalle afirmou que o melhor de toda essa aventura no badminton foram as amizades feitas em função do esporte de raquete mais rápido do mundo.
“O melhor para mim são essas amizades que cercam o belo esporte do badminton, que, com o tempo, nos ajudam a ser pessoas melhores em todos os momentos. Aprendemos juntos, sendo disciplinados, concentrados e competitivos, mas sem nos esquecermos que somos amigos e que podemos nos ajudar em muitas áreas, no esporte claro, mas também no pessoal e profissional. Sou muito grato ao badminton, à minha família – meus pais, minha irmã, e agora Roxana, Ana e Carlos, bem como a todas as pessoas que cercam o nosso querido badminton”, finalizou.
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