1ª edição da Copa Tikara foi um 'Frankenstein' com final feliz
Imprevisibilidade, diversão, sorte e alto nível marcaram torneio em São Caetano do Sul
A primeira edição da Copa Tikara, organizada pelo Bunka São Caetano do Sul, pode ter causado inicialmente um pouco de dúvida entre os participantes em virtude do formato “Frankenstein”, mas entregou ao público um campeonato com jogos de altíssimo nível, especialmente na categoria A, além de um ambiente descontraído e completamente novo para os atletas.
Embora tenha dividido atenções com a Copa China, que recebeu apoio da Federação de Badminton do Estado de São Paulo (Febasp) e montou uma estrutura magnânima, o evento em São Caetano do Sul foi mais simples, mas obteve uma positiva adesão, tendo em vista os riscos que algo novo e diferente trazem. O campeonato recebeu por volta de 130 atletas de diversas localidades (Mogi das Cruzes e Francisco Morato, por exemplo), inclusive de Minas Gerais, e foi concluído depois de pouco mais de 90 confrontos.
A inovação rendeu bons frutos ao Bunka SCS, pois as avaliações positivas das pessoas que consultei no decorrer da semana se sobressaíram e muitas já aguardam ansiosamente uma provável segunda edição. A verdade é que não me surpreendi com esse retorno, pois a competição foi bem organizada e proporcionou um ambiente leve e familiar aos envolvidos. Em quadra, é indiscutível que o nível foi alto, mas a grande sacada da Copa Tikara foi a imprevisibilidade e a sorte, dois fatores que impactaram o caminho de todos os times, mesmo com os integrantes fritando a cabeça para elaborar estratégias.
“Eu, particularmente, gostei. Creio que o formato permitiu confrontos equilibrados e a sorte foi determinante em alguns jogos. Teve equipes com jogadores muito bons que acabaram indo brigar do 13º ao 16º lugar pelo fato de os melhores atletas nunca serem sorteados para o game de desempate. Sei que o esporte tem como ponto fundamental o mérito e o esforço, mas acho legal que exista um evento em que o acaso possa decidir as coisas. Também tenho a impressão que os times tiveram um bom clima entre os membros, na maioria das vezes”, avaliou Pedro Pahor, um dos treinadores do Bunka SCS e um dos organizadores do torneio, em entrevista ao A Peteca.
As categorias A do masculino e do feminino reuniram diversos monstros enjaulados do badminton, atletas que este jornalista que vos escreve não ousa enfrentar, mas que proporcionaram duelos de extrema qualidade. Nos eventos da B, badistes de todas as idades e níveis se enfrentaram, tanto que joguei ao lado de uma criança de 9 anos e enfrentei um senhor de pouco mais de 70, se não me falha a memória.
Ninguém entra para perder em um campeonato, tanto que até mesmo meu pequeno colega de time estava com sangue nos olhos rebatendo as petecas da forma que conseguia, mas o principal ponto dos torneios amistosos do badminton não é se medalhou ou não, mas, sim, o aprendizado obtido no processo. Ao contrário de outros torneios que já participei, a Copa Tikara foi um desafio quase impensável, pois muitas pessoas precisaram dividir quadra com desconhecidos, o que fez geral sair da caixinha e do óbvio.
Particularmente, achei muito legal que pessoas que nunca se viram na vida fizeram uma rápida união e, em um curtíssimo espaço de tempo, já estavam se apoiando como se conhecessem há meses. Para mim, os campeonatos são uma ótima oportunidade para encontrar leitores pessoalmente, reencontrar conhecidos e fazer novas amizades. Na ocasião, a Copa Tikara me proporcionou esse combo.
Como tudo na vida, o torneio não foi perfeito e acredito que breves ajustes deverão ser feitos para uma futura edição, como para a alta quantidade de jogos que foram para o terceiro set, mas a competição entregou absolutamente tudo o que prometeu: diversão, alegria e dinamicidade.
“Acredito que foi um sucesso. Para a próxima, certamente criaremos uma forma de as pessoas poderem se conhecer antes do dia do torneio, o que pode deixar toda a experiência mais interessante. Nós também teremos que ter a rodada de cada confronto com um tempo maior, para que não atrase. Provavelmente uma hora ao invés de meia hora. Isso certamente fará com que a Copa Tikara 2025 dure dois dias, mas acredito que é um movimento importante para que o cansaço seja menor para os participantes”, avaliou Pahor, acrescentando que a “boa vontade das pessoas” e “o nível dos jogos” foram alguns pontos que chamaram sua atenção.
Mais do que ver petecas voando, smashs, gritos (muitos dos quais foram meus), vitórias e derrotas, a Copa Tikara também teve um lado que pouca gente lembra depois que as portas são fechadas e os dias vão passando. O evento foi muito importante para auxiliar economicamente o Bunka SCS, então os quitutes e rifas comercializados ao longo do torneio tiveram esse apelo. Além disso, é preciso destacar com bastante ênfase a excelente qualidade das comidas disponibilizadas no decorrer do campeonato, desde o café expresso (tomei o meu, conforme manda o estatuto de vida de Renan Tanandone) e doces até o farto almoço.
No geral, a Copa Tikara nos mostrou que os torneios de badminton não precisam ser religiosamente quadradinhos e exatamente da mesma forma sempre. A inovação e a criatividade são aspectos importantes para um atleta, mas também para as competições.
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