Em meio à alta de lesões no badminton, veja dicas para tentar evitá-las
Explosão de problemas físicos no circuito mundial chamou atenção em 2024

O caótico calendário de torneios da Federação Mundial de Badminton (BWF) e a desenfreada corrida do ciclo olímpico fizeram a temporada de 2024 ser inundada de atletas com os mais variados problemas físicos, sendo a grave lesão no joelho sofrida pela espanhola Carolina Marín em plena Olimpíadas de Paris, na França, o caso mais emblemático.
Nem preciso escrever que absolutamente nada foi feito para tentar melhorar, muito pelo contrário, a BWF piorou a situação após não autorizar mais atendimentos médicos dentro de quadra durante as competições, ou seja, obriga os badistes a prosseguirem jogando mesmo sentindo dores, caso contrário, o atleta perde o duelo por “desistência”.
Vou tentar ser mais didático. Sob a nova regra, os jogadores não podem mais, por exemplo, solicitar o uso de sprays médicos, também conhecidos como “spray mágico”, e aplicar bandagens durante as partidas. Em vez disso, eles só têm autorização para usar esses equipamentos durante os “intervalinhos” - quando o jogo faz a pausa no 11º ponto - ou nas trocas de quadra no fim dos games.
Então, caso um badiste sofra uma câimbra na panturrilha ou distensão muscular na coxa durante um frenético rally no sexto ponto do primeiro set, ele precisará aguardar o duelo chegar aos 11 pontos ou aos 21 para algum médico fazer algo em relação a isso. Porém, até lá, a perna do indivíduo já caiu.
A medida foi claramente adicionada para evitar que os jogadores façam “cera”, porém, pelo amor de Deus, as supostas enrolações ocorridas no badminton são infinitamente menores e insignificantes em relação ao futebol, por exemplo, e sendo bem sincero, é algo que nem deveria estar em pauta entre os dirigentes da BWF. A imagem da modalidade se deteriorou mundialmente quando começou a ficar em evidência atletas que precisavam de atendimento e foram ignorados.
Lee Zii Jia sofreu uma lesão no tornozelo direito durante um duelo válido pelo World Tour Finals. O malaio não foi autorizado a receber atendimento e, obviamente preocupado com seu futuro no torneio, prosseguiu jogando, mas as dores o fizeram abandonar o confronto poucos pontos depois. Um especialista entrevistado pela imprensa asiática garantiu que, caso o badiste tivesse recebido auxílio médico na hora em que sentiu o problema, a extensão da lesão poderia ter sido menor e ele teria conseguido completar o duelo.
“Essa decisão médica coloca uma pressão imensa sobre os jogadores e deve ser descartada. Os atletas já estão sobrecarregados pela agenda agitada, e tais leis colocam em risco o bem-estar físico e longevidade deles. A BWF pode ter implementado essa regra para evitar que os jogadores finjam lesões, mas a intensidade não deixa espaço para tais táticas”, analisou Datuk James Selvaraj.
Traduzindo boa parte disso tudo em números, houveram 10 jogadores lesionados em três campeonatos já finalizados na temporada de 2025. Além disso, um estudo publicado recentemente na Scientific Reports apontou que, entre 711 jogadores (as) de badminton de 7 a 22 anos ouvidos (as) pelos analistas, 60,3% sofreram pelo menos uma lesão por 1000 horas de treinamento.
Os pesquisadores asiáticos também descobriram que, entre homens e mulheres, a região do corpo com maior incidência de lesões foi o joelho, enquanto problemas na parte inferior das costas e no ombro aparecem logo na sequência. Outro dado preocupante diz respeito à idade, pois badistes com menos de 20 anos apresentaram a maior quantidade de machucados.
Abrasileirando a discussão apresentada no texto, o badminton verde-amarelo não tem as mesmas rígidas exigências impostas no circuito internacional, mas é alta a quantidade de jovens badistes que compete nos torneios regionais, estaduais e nacionais quase todo remendado de bandagens e proteções. Algumas vezes é só por precaução, mas a verdade é que o temor de um problema físico sempre está presente.
Em entrevista ao A Peteca, Julielton da Silva Trindade, preparador físico do ACAMP/Fonte São Paulo, alertou que a elevada quantidade de torneios e jogos consecutivos aumenta o risco de lesões em razão da “sobrecarga muscular e articular, fadiga neuromuscular e insuficiência na recuperação”.
“Movimentos repetitivos e intensos sem descanso adequado podem causar lesões crônicas, como tendinites e problemas nos joelhos, ombros e tornozelos. Além disso, a falta de recuperação prejudica o desempenho e pode gerar compensações que aumentam o risco de novas lesões. Então, é essencial priorizar torneios estratégicos, equilibrando competição e recuperação para garantir a saúde e a performance do atleta”, afirmou o educador físico.
“A saúde do atleta depende de um planejamento bem estruturado que equilibre treinos, competições e recuperação, aliado a cuidados fisioterapêuticos, físicos e psicológicos. A individualidade de cada jogador deve ser respeitada para prevenir lesões e manter o desempenho”, complementou.
O preparador do ACAMP/Fonte São Paulo, que também é chamado de Júlio, ainda destacou a importância de ter um acompanhamento médico para detectar possíveis sinais precoces de desgaste. Ele chegou a mencionar a importância do cuidado com o psicológico, principalmente para controlar o estresse e alternar a pressão das competições com momentos de descanso mental.
“Com equilíbrio entre treino, descanso e suporte profissional, é possível manter a saúde e o desempenho mesmo com uma agenda intensa”, salientou Trindade.
Para finalizar a matéria, o profissional fez especialmente ao A Peteca uma detalhada lista de dicas para que atletas amadores e profissionais de badminton possam tentar evitar a ocorrência de lesões.
Dicas:
Aquecimento e Alongamento: Realizar aquecimento dinâmico antes e alongamento estático após os treinos.
Técnica Correta: Manter movimentos controlados e com boa biomecânica (postura ou técnica corretas) para evitar sobrecarga.
Fortalecimento Muscular: Focar em exercícios de força, com exercícios multiarticulares, trabalhar especialmente no core, pernas e ombros, e trabalhar músculos estabilizadores.
Mobilidade e Flexibilidade: Manter boa amplitude de movimento e praticar exercícios de mobilidade.
Recuperação Adequada: Priorizar descanso, sono e métodos de recuperação como massagens e alongamentos.
Nutrição e Hidratação: Manter-se hidratado e consumir uma alimentação balanceada para apoiar a recuperação e o desempenho.
Calçados Apropriados: Usar tênis adequados para o esporte, com boa aderência e amortecimento.
Escutar o Corpo: Prestar atenção a sinais de dor, evitar overtraining e consultar um profissional se necessário.
Respiração: Controlar a respiração durante a prática para melhorar o foco e evitar sobrecarga.
Prevenção de Lesões Específicas: Realizar aquecimentos e fortalecimento para ombros, tornozelos e joelhos.
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