Conheça John, badiste e mochileiro que largou tudo para realizar sonho
Após muitas batalhas, piauiense viaja o mundo divulgando modalidade

Se em pleno 2025 você ainda acredita que o badminton é apenas um simples esporte de raquete e peteca, sinto muito, mas tu está extremamente enganado. A modalidade é recheada de trajetórias impressionantes e inspiradoras e, como um jornalista, é meu papel contar histórias. Uma delas diz respeito ao mochileiro e badiste João Marcos da Silva Moreira, mais conhecido como John.
Dono de uma enorme simpatia, o piauiense de 26 anos é aquela pessoa agradável que você chega a perder a noção do tempo em uma conversa por mensagem ou pessoalmente. Em nosso contato, quando surgiu a oportunidade de revelar minha intenção de escrever um texto sobre ele, fui bombardeado de fatos muito impressionantes de sua vida, o que transformou um verdadeiro desafio transmitir tudo o que foi dito em uma matéria de alguns parágrafos.
Natural de Teresina, John iniciou bem cedo sua relação com o badminton ao crescer no Joca Claudino Clube de Esportes (PI), uma das principais forças da modalidade no território brasileiro. Atleta de grande qualidade, o piauiense viu no esporte que o conquistou uma oportunidade de realizar um sonho de infância que parecia impossível de realizar: viajar o mundo.
“Desde criança já entendia isso. Eu me tornei atleta porque sabia que se eu fosse bom eu poderia viajar bastante. Vim de uma família que não tinha essa cultura e muito menos condição financeira, então, só tentando ser bom em um esporte que eu conseguiria viver isso dentro da minha realidade. Os sonhos do esporte e o de viajar o mundo andavam juntos, mas o propósito principal era viajar o mundo. Porém, o esporte me abriu inúmeras portas”, disse John ao A Peteca, acrescentando que o momento mais triste dos torneios para ele era a viagem de volta para casa.
Multicampeão nacional no esporte de raquete mais rápido do mundo e com convocações para a seleção brasileira no currículo, o badiste via a própria trajetória ir de vento em popa, mas sua vida mudou completamente em 2014, quando descobriu de forma muito precoce um tumor na cabeça no auge da carreira, exatamente no último ano da categoria sub-17.
“Minha mão direita estava parando, minha voz também e minha cabeça estava em extrema pressão. Tive três crises que sentia tudo isso de uma vez e fui parar no hospital uma semana antes de um Nacional que ia ter no Piauí, sendo que eu tinha sido campeão na dupla masculina uns dois meses antes. Eu tive que fazer uma cirurgia e passei meses no hospital e na UTI. Permaneci um ano parado para poder me recuperar. Quando voltei, minha mão esquerda meio que tinha se adaptado, já que eu estava perdendo os movimentos da direita. Graças a Deus não fiquei com nenhuma sequela”, recordou o atleta, que é ambidestro nas mãos em virtude do problema de saúde que enfrentou.
Apesar do tempo parado e de ter desafiado com muita coragem a doença que mudou sua vida, John retornou ao badminton em 2015 e conquistou bons resultados, sendo até convocado para o Pan-Americano Júnior e conquistado medalhas em outras competições continentais. Bom, tudo certo, né? Não, ao menos para o John, que sempre teve aquela busca em conhecer o mundo dentro do coração.
Em 2019, após perceber que “muita coisa não fazia sentido”, o badiste largou absolutamente tudo no Piauí e se mudou para São Paulo. O que ele, eu, você e outras bilhões de pessoas não esperavam era que uma pandemia global iria paralisar o planeta por completo e provocar cenas que jamais esperávamos que pudessem acontecer. Passada a emergência de saúde, John não abandonou o badminton e voltou a treinar no Club Athletico Paulistano (CAP) entre 2022 e 2023.

Após bons desempenhos no âmbito nacional, que culminaram em uma participação no Sul-Americano pela seleção verde-amarela, o badiste mergulhou de corpo e alma em uma nova fase da sua movimentada vida. No ano retrasado, o sonho de rodar o mundo como um mochileiro bateu na sua porta ao fazê-lo escolher entre ele e começar uma faculdade. John seguiu o coração e optou pela primeira opção, forçando-o a realizar tudo ao seu alcance para se organizar, inclusive vender tudo o que tinha em sua casa. Em 1º de maio de 2024, exatamente uma década após a sua delicada cirurgia na cabeça em razão do tumor, ele iniciou uma aventura de seis meses pela América do Sul e não parou mais de viajar.
“No ano passado, eu estava com o meu sonho de viajar o mundo em mente, uma coisa que desde criança já entendia. O esporte me ajudou principalmente a abrir portas de trabalho, como dar aulas para a comunidade sul-coreana e assim conseguir juntar um trocado para viver meu sonho. Creio que ainda vou jogar muito por aí”, afirmou.
Atualmente na Europa, John compartilha quase diariamente nas redes sociais as aventuras vividas durante as viagens dos sonhos, além de fornecer muitas dicas valiosas para pessoas que desejam traçar o mesmo caminho. Após discorrer sobre tudo isso, talvez você esteja pensando: “Beleza, e o badminton?”. Eu vos digo, caros leitores (as), ele não abandonou o esporte de raquete mais rápido do mundo, muito pelo contrário, John espalha a modalidade pelos lugares que passa.
“O Badminton me abriu portas em lugares que eu nunca imaginei que eu pudesse pisar, então, quero jogar em muitas partes do mundo por onde vou passando. As minhas raquetes viajam comigo, meio que é um item essencial na minha mochila. É uma forma de deixar um pouco de mim para as pessoas que vou conhecendo pelo mundo e apresentando o esporte para aqueles que não conhecem ainda”, declarou o badiste e mochileiro.
“Eu amo o esporte e já pratico badminton metade da minha vida. Tive muitas oportunidades, já representei o Brasil, só que estou em outra fase da minha vida, que é vivendo os meus sonhos. Ver o ‘bad’ como um hobby me deixa feliz. Não sei do futuro, mas no momento é basicamente isso, apesar de eu ter jogado recentemente o Nacional”, complementou John, que deu uma longa risada após a declaração.
As aventuras de John pelo mundo podem ser acompanhadas através do Instagram, que é o @voamrjohn, onde o mochileiro possui quase 20 mil seguidores, do TikTok e do Youtube. O usuário é o mesmo para as três redes sociais, mas basta clicar no hyperlink para ser redirecionado aos perfis do piauiense.
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