Com técnicos estrangeiros, Hong Kong mira elevar nível de seu badminton
Modalidade popularizou no território em 2024 por um motivo bizarro

Sonhando em elevar seu nível no badminton para se aproximar de outros oponentes do sudeste asiático, Hong Kong decidiu apostar para a temporada de 2025 em uma comissão técnica formada quase inteiramente por estrangeiros. Ao todo, pelo menos cinco treinadores que trabalham na seleção honconguesa não são naturais da belíssima ex-colônia britânica.
Em cerca de três meses, a Associação de Badminton de Hong Kong (HKBA) investiu pesado para garantir os serviços de três treinadores nascidos na Malásia: Loh Wei Sheng (ex-Singapura e Malásia), Jeremy Gan (Ex-Japão) e Tan Bin Shen (ex-Malásia). O trio uniu forças com o chinês Wen Kai (ex-China), que já compunha o projeto, mas toda essa galera é supervisionada pelo malaio Wong Choong Hann, que é o “Poderoso Chefão” da bagaça.
As chegadas de Bin Shen, que trabalhou com Goh Sze Fei/Nur Izzudin, e Gan, ex-técnico de Yuta Watanabe/Arisa Igarashi, pareciam óbvias: melhorar as parcerias masculinas e mistas, pois são suas especialidades. No entanto, a realidade é diferente, pois os malaios supervisionam e treinam juntos todas as três disciplinas de duplas (masculino, feminino e mista).
“Este é um projeto de longo prazo focado no desenvolvimento geral da equipe, não apenas em duplas. Embora Bin Shen e Jeremy tenham mais experiência em duplas masculinas e mistas, seu profundo conhecimento os torna bem equipados para lidar com todas as disciplinas de duplas. Acreditamos que eles são capazes de administrar todas as categorias, incluindo duplas femininas, e é por isso que os temos a bordo”, analisou Choong Hann à imprensa malaia.
O projeto audacioso de Hong Kong não é algo que deverá vingar na atual temporada ou coisa do tipo, pois os jovens badistes que integram a seleção ainda são considerados promessas, sendo “muito cedo” para falar deles ou traçar planos tão concretos. Então, o futuro é tratado com extrema cautela e paciência.
No Aberto da Malásia, primeiro evento de 2025 da Federação Mundial de Badminton (BWF), os honcongueses obtiveram resultados interessantes, principalmente na simples masculina, com Lee Cheuk Yiu eliminando Viktor Axelsen e Ng Ka Long Angus alcançando as quartas de final após despachar Weng Hongyang e Toma Popov Junior.
Os dois simplistas masculinos mencionados acima são os principais nomes do badminton honconguês, mas já possuem 28 e 30 anos, respectivamente. Quem pode surgir como uma surpresa em um futuro próximo é Jason Gunawan, 20, que já ocupa o top 50 do mundo. Já entre as mulheres, Lo Sin Yan Happy, que perdeu para Juliana Viana nas Olimpíadas de Paris, é a esperança da simples feminina.
As duplas feminina e mista, principalmente essa segunda, são categorias que servem muito bem atualmente o badminton de Hong Kong. Os veteranos badistes Tang Chun Man/Tse Ying Suet ocupam a quinta posição no ranking mundial de mistas, enquanto Lee Chun Hei/Ng Tsz Yau estão em 27º. Entre as mulheres, Yeung Nga Ting/Yeung Pui Lam estão na caça para assumir um posto no top 10 do mundo.
De todas as formas, o badminton honconguês engatinha rumo a um futuro promissor, mas ainda precisará caminhar bastante, principalmente em matéria de renovação dos jogadores da seleção, que cada vez mais estão chegando e passando da casa dos 30 anos, o que já é considerado um veterano para o exaustivo circuito mundial. Além disso, dificilmente um atleta da nação entra em um torneio como franco favorito.
O trabalho dos estrangeiros na liderança da seleção será árduo, mas o desejo é melhorar e colocar o país cada vez mais em evidência no circuito mundial. No ano passado, o badminton local foi malhado pelo Brasil nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, pois Viana protagonizou uma histórica vitória em cima de Lo na fase de grupos da simples feminina e Vitor Tavares conquistou seu inédito bronze na classe SH6 sobre Man Kai Chu.
Mundialmente, o badminton de Hong Kong circulou o planeta inteiro em meados de agosto de 2024 por uma questão extremamente diferente e bizarra, tanto que a modalidade ganhou uma nova interpretação entre a população local. O gabinete de educação do território, preocupado com o crescimento do número de adolescentes que fazem sexo antes do casamento, divulgou um material didático sugerindo que alunos do Ensino Médio praticassem badminton para controlar os instintos.
Nem preciso mencionar que isso foi notícia no mundo todo, inclusive no Brasil, e para piorar a situação, atualmente convidar alguém em Hong Kong para jogar o esporte de raquete se transformou em um código entre os jovens para se referirem a manter uma relação sexual. Creio que não era essa forma que o território gostaria de ver o badminton ser conhecido, então será necessário muito esforço para alterar essa visão dos cidadãos locais.
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