Nozomi Okuhara: a importância de um líder no badminton
Capitã da seleção japonesa é um exemplo dentro e fora das quadras
As Copas Thomas e Uber de badminton, disputadas entre abril e maio em Chengdu, na China, reuniram as melhores seleções dos cinco continentes e evidenciaram a importância de uma delegação unida e muito bem preparada, principalmente em um evento de equipes, onde se pode sair vencedor somente através de um combo de resultados positivos.
Um dos favoritos ao título, o Japão levou 10 atletas para a competição feminina, que foi a Copa Uber, e selecionou como capitã a experiente Nozomi Okuhara, atual 17ª colocada do ranking mundial de simples feminina e a terceira melhor posicionada da nação, atrás somente de Akane Yamaguchi (5ª) e Aya Ohori (11ª). Além disso, a atleta de 29 anos dividiu o palco com as duplistas Nami Matsuyama/Chiharu Shida e Maya Matsumoto/Wakana Nagahara.
Campeã mundial em 2017 e ex-número 1 do mundo de simples feminina, Okuhara está muito longe do que foi antes do início da pandemia de Covid-19 e das inúmeras lesões que a afetaram desde as Olimpíadas de 2021, em Tóquio, mas mesmo assim continua sendo um dos grandes nomes do badminton japonês e mostrou toda sua extensa bagagem na campanha em Chengdu.
No quesito idade, Okuhara foi a mais velha da delegação japonesa e teve enorme impacto na seleção no lado de fora das quadras, principalmente orientando as mais jovens, como Tomoka Miyazaki, de apenas 17 anos. A veterana não é mais um “ace” de seu país, pois o tempo passou e o bastão foi para as mãos de Yamaguchi, mas conquistou resultados importantes no decorrer do torneio.
Embora não seja atualmente a melhor badiste da equipe, a presença e o conhecimento da capitã sempre foram marcantes, sem esquecer que é uma atleta carismática e abraça todos os membros. Além de tudo isso, Okuhara transmite confiança dentro de quadra, tranquilidade e comemora como uma jovem no início da carreira internacional.
O combo de qualidades de Okuhara é acrescido com as difíceis experiências da atleta em razão dos problemas físicos que, querendo ou não, minaram suas chances de voltar e até mesmo se manter no topo do mundo. Essas passagens negativas em sua carreira poderiam abalar o psicológico da atleta, mas aumentaram muito a bagagem da japonesa e o respeito das companheiras.
A edição de 2023 do relatório Future of Jobs, do Fórum Económico Mundial (FEM), apontou que os líderes mais eficazes possuem altos níveis de inteligência emocional, definida pelo especialista Daniel Goleman como a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar com eficácia suas emoções e as dos outros. Okuhara foi líder do ranking mundial, venceu inúmeros títulos de expressão e viveu o caos com as lesões, o que a fez desenvolver uma casca extremamente forte para servir de inspiração.
“Como uma das veteranas, tento orientar as demais, principalmente Tomoka Miyazaki, que é 12 anos mais nova que eu. Todos nós ficamos juntas e não conversamos apenas dentro da quadra, mas fora também. Miyazaki, por exemplo, é de uma geração mais jovem e tem que assumir a responsabilidade de lutar pelo time. Eu a incentivo muito”, declarou Okuhara.
Na prática, o líder não se trata necessariamente do melhor em quadra, mas de alguém que demonstra sua capacidade, competência e outras boas faculdades de maneira constante, nutrindo um ambiente de respeito mútuo, equilibrado e de interesse em ver os companheiros crescerem gradativamente. No caso de Okuhara, ela é uma atleta que veste a camisa e não pensa muito no futuro, já que deseja apenas aproveitar o momento.
“Não penso muito no futuro, mas também não sei por quanto tempo poderei representar a seleção, por isso tenho a impressão de que sempre é a minha última chance. Minha trajetória até as Olimpíadas chegou ao fim, mas não tenho intenção de desistir e muito menos de parar”, analisou a japonesa.
Em um torneio de equipes, todos precisam contribuir para ver sua seleção vencer, então a motivação precisa estar 100% alta, mesmo vendo a nação ficar com uma desconfortável desvantagem de um ou dois a zero no placar. Os vídeos divulgados pela Federação Mundial de Badminton (BWF) mostraram o zelo e os incentivos de Okuhara com as companheiras de equipe.
Pode parecer coincidência, mas a trajetória do Japão na Copa Uber terminou justamente na partida de Okuhara, que perdeu por 2 sets a 0 para a chinesa He Bingjiao e viu a dona da casa abrir 3 a 0, culminando na eliminação das japonesas nas semifinais do torneio.
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