Ygor e Juliana pegarão asiáticos na fase de grupos das Olimpíadas
Badistes do continente costumam ser oponentes indigestos para brasileiros

Com os Jogos Olímpicos de Paris, na França, cada vez mais próximos, a Federação Mundial de Badminton (BWF) fez o sorteio dos grupos do badminton. Representado pelos simplistas Ygor Coelho e Juliana Vieira, o Brasil enfrentará Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Hong Kong na primeira fase dos eventos masculino e feminino.
Diferentemente das duplas, as duas categorias individuais possuem grupos com três atletas que vão até a letra P, sendo três deles fantasmas por “bye” e, somente no caso do masculino, duas chaves terão quatro membros. O que dificulta a vida dos badistes e deixa tudo mais dramático, principalmente para os que não são cabeças de chave, é a quantidade de competidores que avançam à próxima fase, pois apenas o líder de cada grupo se mantém vivo.
Diversas composições já possuem suas situações muito bem definidas, pois somente uma tragédia tiraria de cena os cabeças de chave. No masculino, por exemplo, o atual líder do ranking mundial, Shi Yuqi, enfrentará o italiano Giovanni Toti (80º) e o surinamês Soren Opti (273º), enquanto o vice Viktor Axelsen terá pela frente Nhat Nguyen (43º), Misha Zilberman (59º) e Prince Dahal (172º).
Isso se repete no feminino, pois a sul-coreana An Se-young, que ocupa a ponta do ranking da BWF na categoria, pegará na primeira fase a dona da casa Qi Xuefei (53ª) e a bulgara Kaloyana Nalbantova (76ª), já a medalhista olímpica indiana P.V. Sindhu, atual 13ª posicionada, desafiará a estoniana Kristin Kuuba (75ª) e a maldiva Fathimath Nabaaha (111ª).
Apesar de alguns grupos das Olimpíadas estarem um pouco desequilibrados, outros prometem ser mais desafiadores e render emoções ou, quem sabe, surpresas. Entre os homens, a chave H terá uma interessante disputa de Anthony Ginting (9º) e Toma Junior Popov (22º) pela liderança, enquanto o L reservará confrontos de altíssima qualidade entre Jonatan Christie (3º), Lakshya Sen (19º), Kevin Cordón (41º) e Julien Carraggi (52º).
No feminino, a taiwanesa Tai Tzu-ying (3ª), que se prepara para o último ato na carreira, não terá vida fácil na chave E diante da tailandesa Ratchanok Intanon (21ª), enquanto a chinesa Chen Yu Fei (2ª) e a norte-americana Beiwen Zhang (11ª) desafiarão, respectivamente, as ótimas Mia Blichfeldt (34ª), Yvonne Li (36ª) e Nguyen Thuy Linh (26ª).
Asiáticos indigestos
Os dois brasileiros envolvidos no megaevento esportivo na capital francesa vivem situações semelhantes em seus grupos, pois enfrentarão um oponente de bastante prestígio e outro de nível similar no ranking mundial, mas que vai ser uma grande dor de cabeça para superar, principalmente quando se trata de asiáticos.
Começando por Coelho (48º), atleta do Botafogo, o carioca terá em seu caminho no grupo J o japonês Kodai Naraoka, atual quinto colocado do mundo e o principal sucessor de Kento Momota. Vice-campeão do Aberto da Austrália e terceiro no Aberto da Índia, o atleta é a grande esperança do país em ganhar uma medalha na simples masculina em Paris, apesar das presenças de Axelsen e Shi.
O outro adversário do brasileiro será Jeon Hyeok-jin (46º), simplista masculino da Coreia do Sul melhor posicionado e que enfrenta muita pressão por resultados, pois a categoria é a única na qual a nação não consegue embalar. Embora permaneça apagado no panteão de craques sul-coreanos, o badiste chegou às oitavas de final de várias competições importantes na atual temporada.
Os dois confrontos serão desafiadores para Coelho em razão da dificuldade em arrancar resultados positivos contra adversários asiáticos. Em 13 jogos contra oponentes do continente em 2024, o brasileiro venceu apenas quatro. O mais curioso é que uma dessas partidas foi justamente diante de Jeon, no Masters da Espanha, tendo o sul-coreano vencido por 2 sets a 1, com parciais de 21/13, 14/21 e 21/18.
Em sua terceira Olimpíada, o badiste brasileiro foi despachado em 2016, no Rio de Janeiro, sem enfrentar asiáticos, mas em 2021, nos Jogos de Tóquio, Coelho foi eliminado na fase de grupos ao perder a decisiva partida para o japonês Kanta Tsuneyama, após o histórico triunfo em cima do mauriciano Georges Julien Paul.
“Iremos analisar e montaremos nossa estratégia para que o Ygor possa ter bom desempenho na Olimpíada. Acredito que, pela experiência que tem e pelo bom circuito que fez em termos mundiais, ele está preparado para disputar essas partidas contra esses jogadores. Certamente nós vamos nos preparar de forma precisa e bem objetiva para esses dois jogos”, analisou o treinador da seleção brasileira, Marco Vasconcelos, em entrevista à Confederação Brasileira de Badminton (CBBd).
Do outro lado da moeda entre os “brazucas”, a atmosfera olímpica será algo completamente novo para Vieira, de somente 19 anos. Atual número 50 do mundo, a atleta caiu no grupo D, ao lado da tailandesa Supanida Katethong (16ª) e da honconguesa Lo Sin Yan Happy (47ª).
Dona da primeira vitória feminina do Brasil em simples em um Mundial do esporte de raquete mais rápido do mundo, Vieira sonha em obter um triunfo inédito nas Olimpíadas, mas sua tarefa em Paris não será nada fácil.
Cabeça de chave, Katethong é a favorita para avançar de fase, já que é a principal simplista do badminton de seu país, o que não é pouca coisa. Campeã do Aberto da Tailândia e vice nos Masters de Bangkok e de Madri, a badiste de 26 anos não teve grandes resultados no decorrer de 2024, flutuando bastante entre 16 avos de final e oitavas nos torneios do circuito mundial.
Lo é um emergente talento de Hong Kong, sendo o segundo grande nome da modalidade em sua nação, atrás somente de Lee Cheuk Yiu, que também está nas Olimpíadas de Paris, mas no masculino. Aos 21 anos, ela ainda não é uma atleta tão conhecida mundialmente, mas obteve resultados expressivos nos Challenges do Irã e do Cazaquistão, onde foi campeã e terceira colocada, respectivamente.
Semifinalista deste torneio no país persa, Vieira enfrentou oito oponentes asiáticas na atual temporada do circuito mundial de badminton e venceu somente três delas, sendo duas indianas e uma iraniana.
“Acredito que tenha sido um grupo bom para o meu primeiro Jogos Olímpicos. Não existe adversária fácil. Enfrentarei atletas que estão bem no ranking mundial e as duas possuem muita qualidade. Porém, eu venho treinando forte e acredito que possa fazer bons jogos contra elas”, avaliou Vieira à CBBd.
Coelho e Vieira vão encarar grupos extremamente complicados e precisarão dar absolutamente tudo para avançar de fase na capital francesa. Os dois estão longe do favoritismo em suas chaves, é verdade, mas podem realizar bons desempenhos em quadra e tentar surpreender.
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