História de Kento Momota mostra que devemos aproveitar o momento
Atleta japonês de badminton anunciou aposentadoria do circuito internacional
O bicampeão mundial Kento Momota, de 29 anos, surpreendeu os fãs ao anunciar sua aposentadoria do circuito internacional de badminton, sendo a Copa Thomas, em Chengdu, a última vez em que vai comparecer em uma competição fora de terras japonesas.
Antigo número 1 do mundo de simples masculina, Momota está atualmente bem distante do que foi entre 2018 e 2019, quando indiscutivelmente era o rei do esporte de raquete mais rápido do mundo. Para se ter uma ideia, no ano que antecedeu a pandemia de Covid-19, o japonês conquistou 11 troféus e perdeu apenas seis das 73 partidas disputadas na temporada.
O mais intrigante desta história é que Momota não perdeu seu trono por uma queda de rendimento ou em virtude do surgimento de uma nova estrela, mas pelas lesões que ficaram por causa de um gravíssimo acidente de carro que sofreu na Malásia, horas depois de vencer uma competição no país.
O mundo do atleta virou de cabeça para baixo em janeiro de 2020, quando o veículo em que estava bateu em cheio na traseira de uma carreta. O motorista não resistiu e acabou morrendo, mas Momota sobreviveu e teve uma fratura na órbita ocular, o que mudou completamente tudo em sua carreira.
Após ficar um ano afastado das quadras, o simplista não chegou a ser nem uma sombra do que era em seu auge. De fora até mesmo dos 50 melhores ranqueados no mundo, Momota não se classificou para os Jogos Olímpicos de Paris e decidiu colocar um ponto final em sua carreira internacional.
Olimpíadas e Momota nunca se deram bem para falar a verdade. Ele foi banido da seleção japonesa em 2016, antes do megaevento no Rio de Janeiro, por ter jogado em um cassino ilegal, e perdeu na primeira rodada nos Jogos de 2020, em Tóquio.
Na coletiva de imprensa que concedeu para comunicar sua aposentadoria no cenário internacional, Momota estava muito sorridente no encontro com os jornalistas, mas parou diversas vezes para escolher as palavras certas para explicar sua decisão. No entanto, a parte que mais me chamou atenção foi quando ele comentou: “No momento do acidente, eu estaria mentindo se dissesse que não pensei comigo mesmo: 'Por que eu?'“.
A possível frustração do asiático é compreensível, pois sabe lá Deus até onde poderia ter chego ou até mesmo quanto títulos mais não iria conseguir abocanhar. Não é mole alcançar o patamar que Momota atingiu, mas o pior de tudo é ver tudo ruir como um passe de mágica.
Após ter se recuperado de forma fantástica das severas punições por sua participação em jogos de azar, Momota não teve a mesma sorte depois do acidente, que provocou visão dupla. A vida do japonês mudou em questão de poucas horas, pois foi da glória do Masters da Malásia e de um currículo até então invejável ao horror do acidente de trânsito.
A trajetória de Momota, que foi do céu ao inferno mais de uma vez na carreira, teve um propósito e, certamente, veio acompanhado de muito aprendizado, até mesmo para os entusiastas da modalidade. Todos os desafios enfrentados pelo atleta deixam claro o quanto devemos aproveitar os momentos o máximo possível.
O badminton é uma coisa extremamente valiosa e as horas passam voando em quadra, tanto que basta uma piscada de olho para se completar anos de prática. Eu ouço constantemente muita gente falar: “nossa, nem parece que estou esse tanto de tempo”. Isso vale para mim, pois as vezes não acredito que possuo pouco mais de dois anos no universo das petecas e das raquetes, foi muito rápido!
Momota é tão grandioso na modalidade que foi muito além de inspirar uma legião de jovens atletas em todo o planeta com suas refinadas habilidades. Para aqueles que conseguem ler as entrelinhas, a história do atleta é recheada de aprendizados que vão da superação para se reerguer diante da dificuldade até recordar o quanto a ação do tempo pode ser implacável algumas vezes.
“Houve muitas dificuldades e isso me desgastou, mas não queria culpar o acidente pelos tempos difíceis. Eu gostaria de me recuperar disso e essa atitude, juntamente com o apoio das pessoas ao meu redor, pelo menos me permitiu conseguir uma posição segura”, afirmou.
A história de Momota não será apagada, muito pelo contrário, continuará sendo contada por longos anos pelos entusiastas do badminton, assim como os bardos cantavam as lendas dos grandes heróis nas tavernas da Idade Média. Ele seguirá atuando em torneios nacionais e a esperança é que possa levar muito conteúdo para as quadras japonesas, bem como se reencontrar a nível esportivo.
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