Copas Thomas e Uber: despedida, zebras, superação e domínio chinês
Torneios masculino e feminino ofereceram muitas emoções para os fãs de badminton
A cidade de Chengdu, na China, sediou as Copas Thomas e Uber de Badminton, tendo acolhido ao longo dos eventos milhares de torcedores que criaram uma atmosfera maravilhosa para as tradicionais competições de equipes masculina e feminina. A anfitriã conquistou os dois títulos com exibições muito consistentes, mas os torneios tiveram muitas histórias interessantes.
Da aposentadoria de Kento Momota da seleção japonesa até a emblemática participação da Uganda, os megaeventos esportivos reuniram acontecimentos dignos de duas competições de expressão no calendário da Federação Mundial de Badminton (BWF). As copas ainda ganharam contornos mais interessantes por representarem uma espécie de “esquenta” para as Olimpíadas de Paris, na França.
Atuando diante de seus torcedores, os atletas chineses conquistaram a 11ª taça da Copa Thomas, enquanto as mulheres foram coroadas como campeãs pela 16ª vez da Copa Uber. Além disso, a China voltou a vencer as duas competições ao mesmo tempo depois de 12 anos.
Copa Thomas
Quase 100% dos holofotes estavam direcionados ao multicampeão Momota, que havia anunciado sua aposentadoria da seleção antes mesmo do início da Copa Thomas, que é o evento masculino. A notícia causou uma grande comoção nos entusiastas de badminton, que acompanharam de perto a ascensão e queda de um dos mais talentosos badistes da história recente da modalidade.
A despedida de Momota do Japão, que foi surpreendido pela Malásia nas quartas de final, deixou um gostinho amargo nos fãs em razão das questionáveis escolhas técnicas que culminaram na precoce eliminação do país. Muita gente se perguntou sobre que levaram o comandante a escolher Kenta Nishimoto em vez de Kodai Naraoka para enfrentar Lee Zii Jia, grande às dos malaios.
No fim das contas, Momota não conseguiu entrar em quadra contra Justin Hoh para tentar desempatar o confronto, o que causou bastante frustração. Embora não tenha enfrentado o adversário da Malásia na simples masculina, o atleta de 29 anos jogou e triunfou na fase de grupos contra Dominik Kopriva (República Tcheca), Matthias Kicklitz (Alemanha) e Chia Hao Lee (Taiwan).
Falando na pequena nação insular, outro ponto interessante da Copa Thomas foi a seleção de Taiwan ter conquistado pela primeira vez na história uma medalha na competição. Apesar de ter perdido todos os confrontos diante dos japoneses, os asiáticos avançaram de fase e surpreenderam a Dinamarca nas quartas de final, com direito a uma impressionante vitória do experiente Chou Tien-chen em cima de Viktor Axelsen, atual número um do mundo.
Apesar de todos os esforços diante dos europeus, os taiwaneses ensaiaram a possibilidade de ir mais longe em Chengdu, mas não seguraram a Indonésia, que só foi parada pela China na grande decisão do torneio masculino e causou uma ótima impressão nos torcedores, alimentando uma chance real de sair da capital francesa com ao menos uma medalha olímpica no peito.
Quem também entusiasmou seus fãs foi a China, que provou por A mais B os motivos pelos quais possui a melhor seleção masculina do mundo. Liderado pelo simplista Shi Yuqi, o país venceu a complicada Coreia do Sul, a então campeã Índia e a zebra Indonésia na final.
A performance do atual número 2 do mundo foi impressionante e o coloca como um dos grandes favoritos para o ouro olímpico, pois perdeu somente dois dos 14 sets disputados nas seis partidas em que entrou em quadra. Shi ainda foi capaz de vencer sem grandes sustos os excelentes Brian Yang (Canadá), H. S. Prannoy (Índia), Lee Zii Jia (Malásia) e Anthony Ginting (Indonésia).
Com 100% de aproveitamento em Chengdu, o atleta abriu todos os confrontos da China e seus triunfos deram muita calma e serenidade para os companheiros de equipe que entraram em quadra na sequência.
A China, que participou de sete das últimas 10 finais da Copa Thomas, está atrás somente da Indonésia em números de títulos, pois a nação tem 14 conquistas contra 11 troféus dos chineses.
Copa Uber
As mulheres seguiram um roteiro um pouco semelhante ao dos homens, pois e Indonésia também fizeram uma final surpresa e as mandantes triunfaram, mas a Copa Uber teve alguns outros ingredientes bem especiais colocados dentro do caldeirão, principalmente um que tem o poder de aquecer o coração.
A Uganda, uma nação localizada na região centro-oriental da África e que faz divisa com Quênia, Tanzânia, Ruanda, República Democrática do Congo e Sudão do Sul, marcou presença pela primeira vez no torneio e recebeu um apoio gigantesco dos torcedores e das empresas envolvidas na competição.
Em razão do pouco poder econômico, o país africano fez o máximo ao seu alcance e levou apenas quatro atletas para competir em Chengdu, mas foi o suficiente para que o quarteto conquistasse o coração do público. As atletas, que são estudantes e praticam a modalidade de forma amadora, foram ovacionadas pelos torcedores durante as partidas e tiveram seus pontos celebrados avassaladoramente.
Naturalmente, as ugandesas sofreram para superar a marca dos 10 pontos por set, mas a oportunidade de enfrentar e encontrar diversos nomes famosos do badminton mundial foi uma experiência que, certamente, as africanas se recordarão para sempre. Além disso, a empresa taiwanesa Victor se colocou à disposição para fazer gratuitamente manutenções nas raquetes das atletas e fornecer uma boa quantidade de equipamentos para que prossigam firmes e fortes na prática da modalidade.
Quem também roubou corações na cidade chinesa foi a Indonésia, que chegou até a decisão da competição pela primeira vez depois de longos 16 anos. A nação alcançou esse patamar graças aos jogos magníficos de algumas jovens revelações, como Ester Nurumi e Komang Ayu, que chegaram a derrotar Supanida Katethong, Kim Ga-ram e Kim Min-sun.
Na grande decisão, que foi contra as chinesas, Nurumi passou muito perto de derrotar He Bingjiao, atual número 6 do mundo de simples feminina, antes das indonésias perderem por 3 a 0. O país do sudeste asiático, por sua vez, provavelmente terá um futuro brilhante com sua jovem brigada de atletas.
Com a simplista Chen Yufei e as duplistas Chen Qingchen/Jia Yifan na batuta da seleção chinesa, a anfitriã das Copas Thomas e Uber conquistou o título que perdeu para a Coreia do Sul há dois anos, em Bangkok, na Tailândia. A nação mostrou seu domínio na categoria feminina ao encerrar a competição com 100% de aproveitamento.
A China ainda aumentou seu grande reinado na Copa Uber, pois faturou o torneio continental pela 16ª vez na história e tem uma gordura de 10 taças em relação ao Japão, que venceu o campeonato somente em seis ocasiões, sendo a última em 2018.
A Coreia do Sul, que falhou em defender seu troféu ao cair nas quartas de finais, viu alarmada a simplista An Se-young, número 1 do mundo, vencer seu confronto contra Wen Chi Hsu sentindo fortíssimas dores no joelho direito. A atleta, que admitiu estar entrando em quadra com uma ruptura parcial na região, foi poupada do confronto diante da Indonésia. Além da estrela sul-coreana, a promissora indiana Anmol Kharb, de 17 anos, também foi baixa ao sofrer uma lesão no tornozelo durante o duelo contra Han Yue.
Difícil também não se emocionar com as lágrimas da duplista japonesa Chiharu Shida, que chorou copiosamente nos backstages do complexo esportivo após perder de virada uma partida épica contra as medalhistas olímpicas Chen e Jia, o que impediu a realização de um quarto confronto entre as nações nas semifinais.
A próxima edição das Copas Thomas e Uber acontecerá somente no ano de 2026, em Horsens, na Dinamarca. Com ou sem Axelsen, será uma ótima chance de o país escandinavo ir melhor do que foi em Chengdu.
Muito obrigado por ler a publicação. Se inscreva para receber novos textos e apoiar meu trabalho! Aproveite para deixar seu comentário aqui embaixo.
Caso tenha gostado desta matéria, você também poderá curtir estes textos: