China é um país que respira badminton
Modalidade é chamada frequentemente de 'esporte empresarial nacional'
Dona de 52 medalhas olímpicas e casa de alguns dos melhores jogadores de badminton, a China é sem sombras de dúvidas a maior potência do esporte de raquete mais rápido do mundo, apesar de a modalidade ser também famosa em nações como Malásia, Japão, Coreia do Sul e Indonésia.
Os chineses são bem fanáticos e acompanham com grande afinco as principais competições do circuito mundial. Nas redes sociais, os usuários do gigante asiático compõem boa parte dos seguidores dos principais badistes em atividade, entre eles Viktor Axelsen, que chegou a aprender a falar e escrever em mandarim devido ao vasto contato que possui com fãs da China.
A japonesa Chiharu Shida viu suas redes sociais ser invadida por chineses após as Olimpíadas de Paris, enquanto a malaia Thinaah Muralitharan chegou a pedir para que parassem de enviar mensagens em mandarim, pois não estava entendendo absolutamente nada. Wang Chang, por sua vez, precisou correr de algumas entusiastas no aeroporto que tentaram enlouquecidamente tirar fotos e pedir autógrafos.
Todas essas histórias que ocorreram principalmente após os Jogos de Paris têm um motivo. De acordo com dados do Relatório Nacional de Status de Aptidão Física de 2023, divulgado anualmente pela Administração Geral de Esportes da China, o badminton é o esporte mais praticado no país, com cerca de 250 milhões de atletas amadores. Além disso, a modalidade é responsável por 6,9% das atividades físicas praticadas pelo público.
O esporte também é considerado o mais popular entre as empresas estatais, pois quase todas as corporações têm quadras de badminton, com algumas delas oferecendo a prática de forma gratuita e até mesmo fornecendo treinamento profissional para seus funcionários. Com isso, a modalidade permite que os trabalhadores joguem juntos durante suas horas vagas, quebrando o ambiente formal e promovendo a comunicação entre eles.
Conforme mencionado por vários jornais chineses, não é muito difícil ver praticantes reclamarem nas redes sociais da dificuldade de reservar quadras, especialmente nas férias escolares, quando o número de jogadores e o preço do aluguel explodem. Os complexos esportivos de Pequim, Xangai e Chengdu chegam a ficar sobrecarregados com a altíssima demanda.
Dados oficiais divulgados pelas autoridades locais apontam que a província de Guangdong, no sul da China, considerada um importante reduto do badminton na nação, tem por volta de 15 milhões de entusiastas, com três milhões somente na cidade de Guangzhou.
A Associação de Badminton de Chengdu, por sua vez, sublinhou que mais de 500 mil pessoas no município, capital da província de Sichuan, praticam o esporte de raquete mais rápido do mundo regularmente. A cidade, inclusive, tem mais de 440 locais com quatro ou mais quadras de badminton disponíveis para o público.
Uma outra pesquisa sobre o esporte, divulgada pelo China News Weekly, indicou que o site JD.com, aparentemente uma espécie de Shopee ou AliExpress, registrou em junho um aumento de mais de 50% em comparação com o ano anterior no número de vendas de raquetes. Já a quantidade de raquetes de ponta comercializadas teve um crescimento maior que 100%.
A popularidade do badminton em solo chinês pode ser explicada de diversas maneiras. Em uma delas, um estudo publicado no The Lancet, que envolveu 1,2 milhão de pessoas, descobriu que esportes de raquete e exercícios aeróbicos, incluindo badminton, oferecem os maiores benefícios para a saúde física e mental, além de poder acarretar na redução de 47% nas taxas gerais de mortalidade.
Já Luo Chaofan, especialista em reabilitação esportiva da Comissão Provincial de Saúde de Guangdong, disse em uma entrevista recente ao Global Times que o esporte atrai muitos chineses por ser fácil de aprender e pela possibilidade de participar pessoas de todas as idades.
“Comparado ao basquete, o badminton é mais fácil de aprender, e pessoas de todas as idades podem jogar. Ele também não envolve tantas paradas rápidas ou movimentos grandes, o que o torna menos intenso”, analisou Luo.
Outro ponto positivo defendido pelos especialistas ouvidos pelos veículos de comunicação, é que o badminton “carece de confronto físico”, o que traz muito mais segurança se formos comparar com futebol ou basquete, por exemplo. No entanto, apesar desse fator benéfico, o esporte pode causar diversas graves lesões, então todo cuidado é pouco.
O aspecto social da modalidade também contribui para a popularidade do badminton na China, pois é relativamente simples, seus equipamentos não são extremamente caros e é bem acessível, sendo atraente para indivíduos de todas as idades e origens socioeconômicas. Ao contrário do Brasil, as raquetes, os tênis e as petecas, itens primordiais para começar a jogar, são encontrados facilmente no gigante asiático.
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