Brasil domina em Lima e indica que está na direção certa
Novatos e veteranos protagonizaram interessante mescla no International Series

O International Series do Peru, em Lima, foi um campeonato especial para o Brasil, pois o país deixou o vizinho com oito medalhas na bagagem e uma amostra do que os fãs podem esperar para o badminton nacional nos próximos anos, já que o torneio reuniu badistes mais experientes no cenário internacional, como Jonathan Matias e Juliana Viana, e outros que estão em seus estágios iniciais no exterior, entre eles Kauan Sttocco e João Mendonça.
Para quem me acompanha por aqui há mais tempo, sabe que meus textos não são focados nos resultados das competições, mas, sim, na percepção de atletas e comissão técnica em relação ao que foi alcançado no evento esportivo. Essa newsletter não será diferente. Dito isso, o que achei mais legal na capital peruana foi essa mistura de diferentes níveis de experiência que resultou em uma competição muito prolífica da seleção verde e amarela.
Os três ouros (Juliana Viana (WS), Samia/Jaqueline (WD) e Isak/Matheus (MD)), três pratas (Jonathan Matias (MS), Jaqueline/Fabrício (XD) e Davi/Fabrício (MD)) e dois bronzes (Maria Clara/Maria Júlia (WD) e João/Kauan (MD)) precisam e devem ser celebrados, principalmente em razão do alto nível de qualidade dos participantes do torneio peruano, mas precisamos ir além disso e perceber fatos que podem passar despercebidos para os fãs da modalidade.
Nas categorias individuais, Viana, que não perdeu nenhum set, passou por Nikte Sotomayor, simplista feminina melhor posicionada da Guatemala, e Stefani Stoeva, um dos principais nomes do badminton europeu e conhecida pela fortíssima dupla formada com a irmã, Gabriela. Matias, por sua vez, eliminou o canadense Victor Lai e o veterano Kevin Cordón, além de ter protagonizado uma disputada final diante do israelense Misha Zilbermann.
Enquanto isso, os títulos de Matheus Voigt/Isak Batalha na masculina, ouro que veio em uma final doméstica contra Davi Silva/Fabrício Farias, e os pódios dos novatos João Mendonça/Kauan Sttocco e Maria Júlia/Maria Clara indicam que os duplistas brasileiros já estão rendendo bons frutos em um futuro próximo.
“Foi uma conquista inédita e um grande avanço, com isso, percebemos que estamos em um bom caminho. Isso também nos ajuda para as próximas classificações do Mundial e até mesmo nos próximos rankings olímpicos. Enfrentar [brasileiros] na final é um desafio em dobro pelo fato de nos conhecermos em quadra, mas na parte do jogo pra valer é completamente diferente do que acontece no treino, então a rivalidade durante o torneio fala mais alto do que o companheirismo, mas sempre mantendo o respeito e o fair play”, declarou Batalha, que forma dupla com Voigt, em entrevista ao A Peteca.
O encontro mencionado por Batalha se referiu ao jogo decisivo em Lima contra Silva e Farias, um embate que colocou frente a frente as duas duplas brasileiras melhores ranqueadas do mundo. Com o Mundial do próximo ano em mente, o atleta ainda destacou que o título na capital peruana foi “primordial” para manter a média de pontuação da equipe formada com Voigt.
Outra dupla brasileira que busca cavar seu espaço entre Batalha/Voigt e Silva/Farias é a formada por Sttocco e Mendonça, que faturou um bronze importantíssimo para a sequência da parceria. Não diretamente, mas os atletas ganharam elogios de Batalha, que mencionou como uma surpresa positiva, principalmente ao badminton nacional, as novas duplas que medalharam em Lima.
Em declarações ao A Peteca, Sttocco sublinhou que a competição foi “muito importante” por ter sido uma das primeiras da dupla em nível internacional, além de estabelecer o início de uma “nova etapa” para suas respectivas carreiras.
“Foi muito gratificante conquistar a medalha de bronze, mesmo com o desafio de estar jogando entre os melhores atletas, principalmente de toda a América. É sempre bom desafiarmos nossos limites e tentar superá-los. Acredito que jogar um torneio como esse é algo importante para nosso aprendizado e crescimento como atleta, tanto pela experiência de estar em quadra com atletas de alto nível quanto pelo conhecimento absorvido por assisti-los jogando”, analisou o jovem badiste.
Outra presença importante no Peru foi dos atletas do Recreio da Juventude (RS), que novamente embarcaram em uma missão internacional para adquirir experiência. Assim como nos torneios anteriores (Venezuela e Costa Rica), o projeto rendeu conquistas para a equipe caxiense, com Maria Clara Lopes Lima e Maria Júlia da Cruz Nascimento. A delegação liderada por Noeslem Batista ainda tinha Vittorio Lucena e Artur Zampieri.
Lucena, que deixou Lima sem medalhas, porém mais experiente, mencionou que o nível do campeonato no Peru foi maior em comparação com os disputados em San José e em Valencia, além de listar alguns pontos a ser melhorado em seu jogo. O brasileiro ainda destacou a qualidade da arena que recebeu os confrontos, construído para os Jogos Pan-Americanos de 2019.
“O que mais me chamou atenção, obviamente, foi o nível altíssimo dos atletas que estavam presentes no campeonato, alguns inclusive olímpicos, é completamente diferente vê-los por vídeos e ao vivo. Outra coisa que me impressionou foi o local que aconteceu o campeonato, que foi sede do Pan de 2019. Ele está muito bem cuidado e ainda é usado por vários outros esportes, bem diferente do que aconteceu aqui no Brasil após as Olimpíadas de 2016. Isso é algo que certamente ajuda o país a desenvolver seus atletas e ter um futuro muito promissor em todos os esportes”, avaliou em declaração ao A Peteca.
No geral, o badminton brasileiro mostrou qualidade e força em Lima, indicando que o trabalho de clubes e treinadores no país está na direção correta. A expectativa é que a seleção consiga resultados cada vez mais expressivos no teatro internacional, além de obter mais apoio para conseguir participar de eventos no exterior, o que traz consigo uma bagagem recheada de conhecimento e experiência.
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