Badminton em 2025: um ano de mudanças e renovação?
2024 foi marcado por críticas, escândalos, eleições, conquistas e pedidos por melhorias
O meu primeiro ano de cobertura do cenário internacional e nacional do badminton não poderia ter sido mais desafiador, pois os achismos de que seria algo sem tantas emoções em comparação com outros esportes que tenho contato diariamente no trabalho, como futebol, Fórmula 1 e tênis, se transformaram em um curto espaço de tempo em algo que envolveu Jogos Olímpicos, escândalos, eleições, polêmicas, protestos e muitas outras coisas.
A sensação que tive no decorrer do ano é que 2024 serviu para abrir os olhos dos fãs para que todos tenhamos um 2025 mais diferenciado, principalmente por ter se tratado de um período que finalizou o tão visado e competitivo ciclo olímpico, que foi histórico para o Brasil e é um momento naturalmente marcado por renovações.
A jovem An Se-young, atual número 1 do mundo de simples feminina e campeã olímpica em Paris, deu o maior chacoalhão da história da Associação Sul-Coreana de Badminton (BKA) ao tornar público a péssima administração da entidade. Para piorar, isso só foi a ponta do iceberg, pois as autoridades do país descobriram posteriormente uma série de supostas irregularidades financeiras cometidas pelo atual presidente do órgão, Kim Taek-gyu. As investigações estão em curso e a promessa é que 2025 seja um ano de mudanças substanciais por lá.
Eu poderia fazer uma explanação completa do “caso An Se-young”, mas seria bem longa e fugiria do objetivo do texto, então vou deixar os hyperlinks de uma newsletter que fiz sobre o tema aqui no A Peteca e de um vídeo também em relação ao assunto gravado com os queridos amigos Henrique Akio Tikasawa (@PapoBadminton) e Bruno Bakir (@BadmintonMOC): TEXTO, VÍDEO 1 e VÍDEO 2.
Nos EUA, o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) está se movendo para desligar a Federação de Badminton dos EUA (USA Badminton), após a ex-CEO da entidade Linda French ter sido banida por cinco anos em janeiro por desencorajar um badiste de denunciar um episódio de abuso. Caso isso aconteça, que pode ser em 2025, a USOPC assumiria o controle dos negócios e começaria o processo de reconstrução, mas a modalidade segue em baixa para o padrão americano.
Para efeito de comparação, o governo australiano anunciou o maior investimento na sua história para o esporte, pois alocará US$ 385 milhões (R$ 2,3 bilhões) para auxiliar pelo menos 70 modalidades, incluindo o badminton. A ação não visa somente impactar os desempenhos de seus esportistas nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028, mas também nos de Brisbane-2032.
Pensando bem, esse é o momento para buscar algo a mais, pois as Olimpíadas colocaram o badminton em evidência, tanto que partidas da modalidade foram transmitidas em rede nacional e o número de interessados pelo esporte disparou. O país inteiro viu Juliana Viana se tornar a primeira brasileira a vencer um duelo de badminton em Jogos Olímpicos, então as coisas não podem ficar estagnadas.
A Confederação Brasileira de Badminton (CBBd) passou por um pleito recentemente e continuará sendo liderada até 31 de dezembro de 2028 por José Roberto Santini Campos, que terá a chance de prosseguir com seu projeto e trazer evoluções ao esporte no contexto nacional. Ainda neste vasto país, outras federações também passarão ou passaram por pleitos, como a Federação de Badminton do Estado do Ceará (Febace), a Federação Sergipana de Badminton (FSBd), a Badminton Federação Paranaense (BFP) e a Federação de Badminton e Parabadminton do Estado de São Paulo (Febasp).
Em meio ao clima de buscar melhoras e iniciar 2025 com o pé direito, o Paraná foi ainda mais além ao ser palco da criação da primeira Comissão Paranaense de Atletas de Badminton e Parabadminton, que tem justamente o objetivo de “promover ideias, discutir melhorias e fortalecer a comunidade”.
Outro ponto alto do Brasil foi o Botafogo, uma das equipes mais tradicionais do futebol brasileiro, ter olhado com carinho para o badminton. O clube carioca fechou a contratação de Ygor Coelho e a esperança que fica para 2025 é que o clube possa participar de futuras competições, assim como fez o popular e igualmente alvinegro ABC no Rio Grande do Norte.
O país ainda fez muito bonito em diversos torneios no exterior, pais saiu com medalhas na Gymnasiade, no International Series do Peru, no Future Series da Costa Rica, nos Brics Games e em outros diversos campeonatos, como o Sul-Americano de Parabadminton de San Luis, onde a nação garantiu simplesmente 45 medalhas.
Sim, a energia da mudança está sendo parcialmente movida no Brasil, mas o próximo ano também será desafiador para a Federação Mundial de Badminton (BWF), que cada vez mais é alvo de severas críticas, principalmente relacionados ao enlouquecedor calendário e normas que beiram ditatoriais, como as evidenciadas recentemente pela americana Beiwen Zhang. Os questionamentos da veterana foram vistos com bons olhos por Lee Chong Wei e outros nomes relevantes do cenário internacional. Vale recordar que abril teremos eleições gerais na organização, então vai pegar fogo a sede da BWF.
O falecimento do simplista chinês Zhang Zhijie, de somente 17 anos, que sofreu um mau súbito em quadra durante um torneio, foi outro episódio que colocou a BWF no fundo do poço, tanto que a entidade precisou mexer os pauzinhos para mudar suas normas em relação aos tratamentos médicos de atletas. No entanto, o extenso calendário se manteve intocável e seguirá caótico em 2025.
Como se esquecer do gravíssimo, desastroso e cômico equívoco da BWF na contabilização dos pontos do ranking de classificação para os Jogos de Paris? Ele foi descoberto quase um ano depois e quando faltava menos de 100 dias para a abertura do megaevento esportivo, o que azedou a relação da entidade com a Federação Francesa de Badminton (FFBaD) e quase jogou no lixo os esforços dos duplistas Lucas Corvée e Ronan Labar.
Em quadra, o ano foi marcado por várias aposentadorias, como de Kento Momota, Zheng Siwei e Lee Yang; trocas de duplas, entre elas a separação de Yuta Watanabe e Arisa Higashino; e novidades no comando técnico, como a chegada de Kenneth Jonassen na seleção da Malásia. A próxima temporada também teremos a chance de ver uma An Se-young parcialmente livre de lesões, a evolução de promessas indianas, japonesas e malaias e muitos outros fatores que, possivelmente, vão animar os entusiastas.
Por aqui, seguirei cobrindo normalmente o badminton mundial em 2025 e prevejo um ciclo recheado de novidades em diversas frentes. Além disso, espero que o ano seja emocionante e com bastante trabalho para divulgar esse maravilhoso esporte.
Muito obrigado por ler a publicação. Se inscreva para receber novos textos e apoiar meu trabalho! Aproveite para deixar seu comentário aqui embaixo.
Caso tenha gostado desta matéria, você também poderá curtir estes textos: