A relação entre canhotos e o badminton
Afinal de contas, eles possuem ou não alguma vantagem?
A verdade é que as pessoas canhotas vivem em um mundo construído para destros, sem esquecer que foram alvos de preconceito cultural, social e religioso durante boa parte da obscura Idade Média (476 a 1453). Para a alegria de todos, o planeta evoluiu bastante e, com esse crescimento moral, os canhotos passaram a ser vistos como sinônimo de sucesso em diversos esportes, entre eles o badminton.
Lin Dan, Fu Haifeng, Wong Choong Hann, Carolina Marín, Seo Seung-jae e Mathias Boe são alguns exemplos de atletas que possuem a esquerda como mão predominante e fizeram - ou faz, como é o caso da espanhola - sucesso na modalidade. No entanto, o grande questionamento que fica é: os canhotos têm alguma vantagem nas quadras?
Ao menos para Éric Collet, físico da Universidade de Rennes, a resposta é afirmativa, embora seja apenas uma ligeira vantagem. Em sua análise, que foi publicada no site New Scientist, os canhotos possuem uma diferença em comparação com os destros nos golpes de slice e forehand.
“Para destros, esses golpes fazem com que o volante [ponta da peteca] gire no sentido anti-horário ainda mais rápido. Já os canhotos batem do lado oposto, o que faz com que a peteca gire no sentido horário. O volante é rapidamente desacelerado pelo ar e essa perda faz com que a peteca caia muito mais rápido. Ela segue uma trajetória cerca de 15 graus mais íngreme do que o mesmo golpe feito por um destro”, explica o francês.
Em resumo, a peteca é cravada no chão da quadra mais rapidamente e verticalmente, o que permite se aproximar muito da rede. O jogador adversário precisará se movimentar mais para defender a raquetada, o que oferece uma vantagem aos canhotos.
Pelo fato de ser minoria, já que cerca de 10 a 13% da população mundial seja canhota, os atletas canhotos têm o elemento surpresa como principal aliado nas partidas e podem enganar o oponente, que provavelmente está acostumado a enfrentar apenas destros.
Entre outros motivos que podem favorecer os canhotos, algumas pesquisas científicas indicaram que essa camada da população possui conexões mais eficientes entre os dois hemisférios do cérebro.
Para ajudar nessa complexa análise, o ex-jogador malaio James Selvaraj, que também é técnico, conhece bem o badminton e deu sua opinião sobre a dificuldade de enfrentar um rival canhoto em uma grande competição.
“É difícil jogar contra canhotos, pois eles podem acertar a peteca facilmente quando os golpes são devolvidos para o forehand. Durante as fases cruciais de uma partida, quando os jogadores estão cansados ou sob pressão, tendem a esquecer que estão jogando contra um canhoto”, analisou.
O ex-atleta acrescentou que nas duplas, caracterizadas por ser um jogo mais rápido do que de simples, a combinação de um destro e canhoto pode ser fatal, citando como exemplo os multicampeões sul-coreanos Park Joo-bong e Kim Moon-soo.
A revista Biology Letters também publicou um levantamento sobre o tema, elaborado pela Universidade de Oldenburg, na Alemanha. A análise, por sua vez, sugere que ser canhoto é uma vantagem principalmente em esportes onde a pressão do tempo é particularmente severa, como tênis de mesa, beisebol e críquete.
Os especialistas ainda apontam que cerca de 30% dos arremessadores de beisebol são canhotos, assim como quase 22% dos arremessadores de críquete. Contudo, as taxas de canhotos no badminton, squash e tênis se aproximaram ou caíram abaixo da taxa média da população.
A verdade é que não há uma resposta certa ou errada quando se trata de saber se os canhotos realmente possuem alguma vantagem no badminton, pois todos os atletas, independentemente da mão dominante, têm os seus próprios pontos fortes e fracos. No entanto, existe uma fascinante e curiosa mística entorno dos canhotos.
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